segunda-feira, 11 de abril de 2011

The Tree. - chapter 8 -


Sentia pequenas gotas de água a acaríciar a sua pele, que por vezes, devido a elas, estremecia de frio, mas Emily não se importava com isso. Para ela aquele frio era até bem-vindo, porque com ele vinha o conforto e o calor de estar junto a ele, estar junto daquele corpo robusto, capaz de salvar uma princesa de um dragão impeadoso, mas também afectuoso, capaz de amar uma mulher durante a noite inteira. Era tudo com um sonho demasiado bom para continuar para sempre.

Estavam deitados junto à árvore, rodeados por um mar de flores e banhados pela luz do pôr-do-sol.

Sabiam que as horas, os minutos, os segundos continuavam a passar, mas como qualquer outro casal desejavam que o tempo deixa-se de ser egoísta e parasse, mas mesmo sabendo que tal não iria acontecer deixaram-se ficar, ali, abraçados, com medo que o vento forte que os rodiava também os tentasse separarar.

Tinham estado em silêncio durante todo aquele tempo, sendo porque ainda estavam em choque por se terem encontrado passado tanto tempo, ou simplesmente porque ambos sabiam que o que sentiam um pelo outro não necessitava de palavras para ser descrito, tornando-os menos importantes. Até que num dado momento uma pequena palavra escapo pelos lábios de Emily.

- Perdoa-me... - disse ela muito baixinho para que fosse ele o único a ouvir, e agarrou-se a ele com mais força, chegando-se mais para junto dele e sentindo o seu cheiro, que para ela era tão reconfortante.

Ele deixou-se ficar em silêncio durante algum tempo, abraçando-a também com um pouco mais de força e continuando a brincar com aqueles cabelos que pareciam de uma pequena fada. Uma fada doce, mas também muito traquina. Até que de repente sussurou ao ouvido dela.

- Tive tantas saudades tuas, minha pequenina...

- Então não te devias ter ido embora! Pelo menos não daquela maneira. Devias, no mínimo, ter vindo despedir-te de mim... Devias ter-me dito "Adeus", beijado-me a testa e dito que ias voltar o mais depressa possível, como fazías todos os dias quando chegava a hora de ires para casa. - Emily começava a sentir um aperto no peito, mas não conseguia deixar de falar, era tudo demasiado forte. - Nem imaginas o quanto eu sofri a pensar que te tinhas simplesmente fartado de mim e me tinhas abandonado como se eu não fosse ninguém para ti. Não sabes o quanto chorei, quantos dias passei aqui especada à tua espera, até mesmo em dias de chuva, e ficava a olhar horas e horas para o caminho por onde tu costumavas vir, mas tu nunca voltaste. Quebras-te todas as tuas promessas como se elas fossem puro lixo, ou uma simples bujiganga que se guarda para sempre fechada numa gaveta sem nunca mais ver a luz do dia, e não estiveste aqui quando mais precisei de ti! Quando mais te quis aqui para me puderes abraçar e dizer qutudo iria acabar bem. - aos poucos Emily ia perdendo as forças da sua voz, deixando transparecer a mágoa e frustração em cada palavra que dizia, e em cada lágrima que agora lhe caia pelo rosto, graças às lembranças daquela noite, agora mais vivas do que nunca.


- O que é que te aconteceu? Quem é que te fez mal? - perguntou Trevor, com uma cara cheia de preocupação, mas com um tom de voz carinhoso, limpando ao mesmo tempo as pequenas lágrimas no rosto de Emily.

- O papá matou-a... - disse ela entre soluços, tapando a cara com as mãos e enrolando-se numa espécia de bola.

Emily depois de se acalmar um pouco mais contou toda a história. A morte dos pais, como é que tinha voltado a encontrar a árvore, a sua ida para casa dos tios, e até mesmo o facto de na realidade o seu tio ser o seu pai. Mas depois sentiu-se cansada devido a tantas recurdações dolorosas e ao choro e dor que as acompanhava, por isso deixou-se adormecer embalada nos braços de Trevor e pela canção que ele lhe cantava baixinho.


Enquanto Emily adormecia Trevor continuava a amadiçoar-se. Odiava acima de qualquer coisa vê-la assim, tão magoada e desfeita em pedacinhos. Sabia que tinha uma parte da culpa por ela estar assim, pois não esteve lá para apoiá-la, mas sabia também que agora já estava com ela, e que ia fazer de tudo para remendar as coisas.

(...)

Já estava muito escuro e o pôr-do-sol à muito que tinha passado, por iss Trevor disse ao ouvido de Emily, que ainda dormia:

- Pequenina, temos de ir embora, diz-me onde moras que eu levo-te lá.

Repentinamente Emily abre os olhos.

- Não, eu não quero ir para casa. Ainda não estou preparada para o ver. - disse-lhe emily ainda meio ensonada, mas mostrando alguma agitação.

- Okay, mas temos de ir mesmo embora. Passas então a noite em minha casa. Volta lá a dormir.

Obedientemente Emily, ainda cheia de sono, voltou a fechar os olhos e recomeçou o seu maravilhoso sonho, enquanto que Trevor foi à mala dela, tirou o telemóvel para fora, ligou para o tio dela e explicou-lhe que era um amigo e que Emily ia ficar a dormir em sua casa. 
Quando acabou de conversar com ele, Trevor pegou Emily ao colo e levou-a pelo caminho que costumava fazer em criança até sua casa e nesse momento apercebeu-se que era a primeira vez que eles saiam para a realidade juntos. 

- Continua- 

                        

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