O almoço tinha aparentemente corrido bem, pareciam ter-se divertido. Toda a família gostava de comer bastante e eram sempre muito alegres e cheios de energia. Emily adorava isso em todos eles, ela amava-os do fundo do seu coração.
Estava a despedir-se do seu primo de 3 anos, aquele piolho gorduchinho que adorava andar às cavalitas, quando o seu tio a chama e ela conseguiu perceber que a sua expressão demonstrava novamente uma estranha e inquietante preocupação.
- Emily, vem aqui à sala, por favor.
Não era normal o tio ter aquela expressão o que a deixava um pouco... desconfortável...
- Passa-se alguma coisa?
- Hum... Não, mas temos que conversar sobre um assunto delicado.
- Estás a deixar-me preocupada.
- Agora já tens 18 anos, acho que já estás um pouco mais preparada para saber a verdade, sobre... a morte dos teus pais.
Imagens daquela noite assombraram inesperadamente os pensamentos de Emily, que começou a sentir pequenos nós a formarem-se no seu estômago.
- Desculpa se te faz relembrar...
Emily não disse nada, simplesmente deixou-se ficar imóvel.
- Bem, tu sabes que o teu pai era um violinista bastante reconhecido e antes de tu nasceres ele tinha de viajar muitas vezes, e a tua mãe nessas alturas sentia-se muito sozinha, por isso eu tentava fazer-lhe o máximo de companhia possível. Com o tempo acabei por me apaixonar por ela. A tua mãe era uma mulher fantástica e uma pintora ainda melhor, cada dia que passa te pareces mais com ela, em inúmeros aspectos.
Via-se o enorme carinho no seu olhar ao lembrar-se da mulher de rosto inocente e voz doce que irradiava
" luz " sempre que sorria.
- Houve uma altura em que o teu pai foi de viagem até à Irlanda, uma das mais longas viagens e a cada dia que passava eu estava mais apaixonado pela tua mãe. Acho que ela também me amava, não tanto como ao teu pai, mas amava... Querida, - ele agarrou na mão de Emily e olhou-a nos olhos - na noite em que eles morreram foi a noite em que o teu pai, o meu irmão, descobriu que na realidade tu és minha filha.
A cabeça de Emily ficou em branco. Ela queria gritar, chorar, mas não sabia como reagir, não sabia o que fazer, o que dizer... Deixando-se ficar novamente imóvel.
- Emily, por favor, diz alguma coisa.
- Foi por isso que ele matou a mãe e tentou matar-me a mim!? Porque sou filha do irmão dele...
- Ele amava-te, a ti e à tua mãe, mais do que tudo no mundo, vocês eram tudo para ele. O teu pai reagiu de cabeça quente ao sentir que tinha perdido tudo o que era mais importante para ele, ao sentir que tinha perdido a sua filha.
- Mas ele não é meu pai... - disse Emily calmamente e sem qualquer emoção na voz, ao mesmo tempo que se levantava e corria porta fora.
- Emily, Espera!
Estava a correr novamente, tal como naquela noite. As lembranças não desapareciam da sua cabeça e as lágrimas estavam teimosamente a rolar do seu rosto.
Quando deu por si estava outra vez a caminho da árvore, mas quando lá chegou reparou numa silhueta desconhecida que se encontrava junto a ela. à medida que se aproximava percebeu que era um homem ainda jovem, talvez um pouco mais velho que ela, mas não muito.
Quem seria aquele homem e o que estaria ele a fazer junto à sua árvore!?
- Continua -
Que texto :) tens imenso jeito para escrever :) gosto muito mesmoooooo :)
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