sexta-feira, 25 de março de 2011

The Tree. - chapter 7 -

Naquele momento só gostaria de poder agredir-se a ela própria de tão irritada que estava consigo mesma e com o idiota do seu sistema nervoso. Conseguia sentir o sangue a percorrer o seu caminho até à sua face fazendo emanar dela um calor quase insuportável e até mesmo irritante, além do facto de se estarem a formar na sua barriga pequenas borboletas igualmente irritantes, que faziam questão de demonstrar o quanto a sua ansiedade aumentava a cada segundo silencioso que passava. Mas rapidamente se apercebeu que não era a única Emily em todo o Mundo, e começou a sentir a face a voltar à normalidade e as borboletas a desaparecerem aos poucos.
- Emily... Hum… Acho que aqui nesta terra não há muitas, mas mesmo assim, infelizmente acho que não devo conhecer todas elas. – murmurou ela meio pensativa.
- Pois, é o mais normal… Mas obrigada por te preocupares e quereres ajudar um intruso desconhecido. – disse ele com um sorriso enorme que esculpia umas covinhas amorosas no seu rosto.
- Devo ser demasiado boa pessoa. Mas vê-se que sentes mesmo um grande carinho por ela, ficaria muito feliz de puder ajudar de alguma maneira.
- E agradeço-te muito por isso, nem imaginas o quanto… Bem, mas acho que é melhor ir-me embora, já está a ficar tarde, é quase pôr-do-sol. – disse ele à medida que se levantava.
A discussão que tinha tido à pouco com o tio assombrou-lhe os pensamentos, e num gesto irracional ela agarrou na camisola dele.
- Hum… Não podes... ficar mais um pouco? – murmurou ela, enquanto que o seu rosto começava a ficar um pouco vermelho e também passava a demonstrar uma pequena angústia.
- Sim, claro que sim! – disse ele, sentindo alguma preocupação e voltando a sentar-se, mas desta vez mais próximo dela.
- Desculpa, mas não me apetece nada estar sozinha, e muito menos ir para casa…
- Não faz mal, também não tinha nada melhor para fazer.
- Então, conta-me histórias das aventuras que passaram aqui… – disse com alguma curiosidade.

- Hum… Ah! Houve uma vez que estávamos os dois junto às flores, ela estava sentada a fazer-me uma coroa com essas mesmas flores, passava os dias a fazer-mas, ou então simplesmente ficava ali a olhar para as flores à espera que aparecessem as fadas de que eu sempre lhe falava, enquanto que eu estava com a cabeça deitada no seu colo, porque era onde eu mais gostava de dormir a minha sesta. – disse ele, sentindo-se divertido com essas lembranças. – Quando de repente começamos a ouvir uns gritos de longe:
- Senhor bigodes! Senhor bigodes! Vem cá!
- Começámo-nos a rir feitos parvos por causa do nome do animal, que mais tarde acabámos por descobrir que era um cão, e até sentimos alguma pena dele. Mas a mulher estava cada vez mais perto do nosso lugar e não queríamos que ninguém nos descobrisse, por isso a Emily agarrou-me, puxou-me até à árvore e disse-me para subirmos e escondermo-nos lá em cima. Estivemos lá durante tanto tempo… A mulher não se ia embora, andava ali aos círculos, e nós cheios de dores no rabo! Até que finalmente a senhora se fartou e foi-se embora. Eu desci da árvore primeiro e fiquei à espera que ela saltasse para poder agarrá-la, mas desequilibrei-me e caí-mos os dois no chão. Lembro-me que ela me deu um murro no peito e disse… Hum… Ah, não me lembro… - disse ele com uma cara de espanto.
Emily estava em estado de choque, porque à medida que ele contava a história ela conseguia ver tudo à frente dos seus olhos. Eram ela e o menino do sonho que ela via. E sabia o que ele já não se lembrava...
- Ela disse, que tu eras um desajeitado que nunca a conseguias agarrar decentemente, e que iria casar contigo no dia em que a conseguisses ajudar a descer da árvore sem caírem no chão, tal como um verdadeiro príncipe, dos contos de fadas que ela te contava todos os dias mesmo antes de adormeceres no seu colo. – murmurou Emily, com todas as lembranças a renascer na sua mente, enquanto se levantava e começava a ir-se embora.
- Emily!? Emily… - disse ele baixinho, mas passado alguns segundos gritou o mais alto que conseguia - EMILY!
Ela obedientemente parou, mas não se voltou, continuando virada de costas, enquanto que ele já se levantava e corria a toda a velocidade até junto dela abraçando-a com todas as forças que tinha, mas também da forma mais carinhosa que conseguia.
- Trevor… Como é que eu me pude esquecer de tudo!? Como é que me pude esquecer de ti!? – murmurou ela, sentindo uma dor enorme no peito e com as lágrimas a escorrer da sua cara, tal e qual como as pequenas cascatas que ele tinha visto nela em pequena.
Trevor não lhe respondeu, limitou-se a abraçá-la fortemente, mostrando uma vontade enorme de nunca mais a soltar.


sexta-feira, 18 de março de 2011

The Tree. - chapter 6 -


Sabia perfeitamente que estava a descarregar nele grande parte da sua raiva e frustração e sentia-se até um pouco mal por fazer tal coisa, mas sentia-se acima de tudo furiosa e desesperada, de tal forma que ainda não sabia como haveria de reagir ou até socializar com quem quer que fosse, sentindo-se estupidamente instável, de tal forma que num momento sentia uma vontade irracional de matar aquele desconhecido e noutro já queria ceder à dor que sentia bem no fundo do seu ser, e chorar como uma louca junto daquele ombro robusto, mas estranhamente confortável e chamativo.
A única coisa que ela queria era a sua mamã e o seu papá de volta, só queria adormecer nos braços do pai enquanto sentia o perfume doce da mãe, ou simplesmente aconchegar-se junto a ambos no sofá enquanto viam as series que a mãe tanto gostava, e que o pai se esforçava por gostar. Ela não queria um novo pai, nem uma nova família, só desejava a sua verdadeira família de volta. E, ao pensar nos dias quentes de Verão em que o seu pai passeava à beira mar com ela aos ombros e de mãos dadas à mãe, Emily deixou deslizar pelo seu rosto uma pequena lágrima cheia de saudade de um passado agora já tão distante …
- Está a tentar que eu sinta remorsos por ter sido brusco consigo?! – disse o desconhecido com uma voz serena e até um pouco carinhosa.
- Não.
- Pois, ainda bem, porque não ia sentir. Estava a merecer tal brusquidão! – disse ele, num tom um pouco mais divertido.
- Secalhar … - mumurou ela num tom que demonstrava teimosia - Pronto, peço desculpa. Infelizmente tenho uma tendência para descarregar as minhas frustrações em desconhecidos que invadem o meu lugar especial. – disse Emily sentindo novamente um pouco de remorsos.
- Ah, mas este é o seu lugar especial !? Que engraçado …
- Primeiro que tudo, podes parar de me tratar por você. Já descarreguei a minha fúria em ti e é obvio que isso te dá o direito de me tratares por tu. Segundo, porque é que é engraçado?
- Porque este também já foi o meu lugar especial. Quando era criança, morava aqui perto, e houve um dia que descobri este sítio. Achei-o mais que maravilhoso, até mesmo mágico. Sabes, quando somos crianças acreditamos em todo o tipo de tolices... Vinha aqui todos os dias, corria, pulava, trepava à árvore, e depois de já estar meio cansado, deitava-me junto a ela e imaginava que as pétalas de flor de cerejeira que voavam à minha volta eram pequenas fadas desejosas de companhia e de alguns momentos de brincadeira. Este lugar era muito importante para mim e tal como tu, também não achei muita piada quando uma menina de cabelos da cor do nascer do sol e faces coradas apareceu por aqui a correr e com lágrimas a escorrer do seu rosto como pequenas cascatas. Essa menina acabou por se tornar na minha melhor amiga, e depois no meu primeiro amor.

 
Ele sentia um carinho enorme por aquela menina, podia perceber-se isso facilmente pela maneira como o seu tom de voz suavizava, o olhar se tornava mais meigo e doce, e o seu corpo se relaxava e aconchegava junto ao tronco onde estavam encostados. Emily não conseguiu deixar de sentir um pouco de ciúmes daquela menina que preenchia os pensamentos daquele homem de exterior duro, mas interior meigo.
- Então e vieste na esperança de encontrá-la aqui?
- Hum … Mais ou menos. Eu à alguns anos atrás mudei de casa, mas por causa de alguns assuntos familiares vou voltar a viver aqui. Hoje foi a mudança e tinha de vir aqui, nunca fui capaz de esquecer este sítio. – murmurou enquanto olhava em seu redor – Mas a verdade é que ao vir aqui, tinha alguma esperança de a encontrar … Também nunca a consegui tirar totalmente dos meus pensamentos, aquela carinha banhada de lágrimas ficou gravada na minha mente.
- Mas combinaste encontrar-te aqui com ela? - perguntou Emily sentindo-se um pouco tola, por sentir ciúmes de uma pessoa que nem conhecia.
- Não … Éramos crianças, pensávamos que íamos ficar separados para toda a eternidade, ainda não sabíamos dos computadores, nem dos telemóveis, por isso perdemos o contacto e nunca mais nos voltámos a ver, nem mesmo falar.
- Então porque achavas que a podias encontrar aqui? Podias ter ido à lista telefónica, ou algo assim…
- Isso estragaria toda a magia da nossa relação! - disse ele um pouco indignado. - Além do mais, nós fizemos uma promessa, prometemos um ao outro que nos iríamos encontrar sempre aqui e que estaríamos sempre juntos. Não pude cumprir a última parte, mas quero cumprir a primeira! E o mais importante de tudo foi a promessa que lhe fiz de estar sempre com ela, quando ela mais precisasse de mim.
No momento em que ele disse aquilo, subitamente o sonho que Emily tinha tido na noite da morte dos seus pais preencheu-lhe os pensamentos e por mais que tentasse afastá-la do pensamento, a cara daquele menino estava gravada na sua mente.
- Eu costumo vir aqui todos os dias, e nunca vi aqui ninguém … Mas esta terra não é muito grande e conheço a maior parte das pessoas que aqui vive, se me disseres o nome dela posso tentar ajudar-te a encontrá-la. Lembras-te como é que ela se chamava?
- Claro que sim! Era um nome lindo … Emily.

- Continua -


quarta-feira, 16 de março de 2011



You just had to go and leave me behind..

terça-feira, 8 de março de 2011

The Tree. - chapter 5 -


Lentamente começou a deslocar-se em direcção daquele homem desconhecido. Havia algo familiar naquele cenário... Ela não conseguia deixar de se interrogar sobre quem seria aquele homem de cabelo aloirado e costas robustas, que demonstravam uma capacidade inata de proteger qualquer donzela em apuros.

Ele não se mexia, deixou-se ficar ali imóvel enquanto olhava para a árvore e com a impossibilidade de ver a sua expressão, Emily deu por si a interrogar-se sobre o rosto daquele homem.

Estava ainda a alguns passos dele quando subitamente o homem se vira. Emily então viu aquele rosto sereno e teve a estranha vontade de soltar um pequeno suspiro caracteristica que qualquer mulher estupidamente apaixonada, mas conseguiu conter-se.

Podia dizer-se que era um rosto praticamente perfeito, com uma combinação de austeridade, serenidade e afectividade. Até aquela cicatriz no queixo lhe proporcionava um aspecto irresistível.

Mesmo antes de Emily voltar a si, uma única palavra saiu dos lábios carnudos daquele homem.

- Olá!

- Hum... Olá..

Alastrou-se subitamente à sua volta um silêncio um pouco desconfortável, enquanto os dois se olhavam entre eles.

- Desculpa, mas o que é que está aqui a fazer? - disse Emily

- Vim reviver memórias do passado, mas parece-me que isso não lhe diz respeito menina.

- Claro que diz! Esta é a minha árvore!

- Sua!? Comprou-a? Tem o seu nome escrito nela?

- Não...

- Então não é sua... Não é de ninguém...

- Ela pertence-me! De alguma maneira, ela é minha... - disse Emily, ao mesmo tempo que recomeçava a andar em direcção à árvore, sentando-se depois junto ao seu largo tronco, enquanto que as imagens anteriores e do passado lhe voltavam a preencher os pensamentos.


O homem possivelmente entendeu que ela não estava muito bem, pois sentou-se junto a ela sem dizer uma única palavra, abatendo novamente sobre eles um silêncio, mas desta vez não um desconfortável, mas sim agradável.

- Continua -

domingo, 6 de março de 2011

Promises.. Bahh!


You promised that you would never be sick of me, and would never leave me alone, but obviously you lied!

And the worst part is that I think I had always known that they were just sweet lies, but stupidly I didin't knew how much I had belived those false promises..

The Tree. - chapter 4 -


O almoço tinha aparentemente corrido bem, pareciam ter-se divertido. Toda a família gostava de comer bastante e eram sempre muito alegres e cheios de energia. Emily adorava isso em todos eles, ela amava-os do fundo do seu coração.

Estava a despedir-se do seu primo de 3 anos, aquele piolho gorduchinho que adorava andar às cavalitas, quando o seu tio a chama e ela conseguiu perceber que a sua expressão demonstrava novamente uma estranha e inquietante preocupação.

- Emily, vem aqui à sala, por favor. 

Não era normal o tio ter aquela expressão o que a deixava um pouco... desconfortável...

- Passa-se alguma coisa?

- Hum... Não, mas temos que conversar sobre um assunto delicado. 

- Estás a deixar-me preocupada.

- Agora já tens 18 anos, acho que já estás um pouco mais preparada para saber a verdade, sobre... a morte dos teus pais. 

Imagens daquela noite assombraram inesperadamente os pensamentos de Emily, que começou a sentir pequenos nós a formarem-se no seu estômago.

- Desculpa se te faz relembrar... 

Emily não disse nada, simplesmente deixou-se ficar imóvel.

- Bem, tu sabes que o teu pai era um violinista bastante reconhecido e antes de tu nasceres ele tinha de viajar muitas vezes, e a tua mãe nessas alturas sentia-se muito sozinha, por isso eu tentava fazer-lhe o máximo de companhia possível. Com o tempo acabei por me apaixonar por ela. A tua mãe era uma mulher fantástica e uma pintora ainda melhor, cada dia que passa te pareces mais com ela, em inúmeros aspectos. 
Via-se o enorme carinho no seu olhar ao lembrar-se da mulher de rosto inocente e voz doce que irradiava
" luz " sempre que sorria. 

- Houve uma altura em que o teu pai foi de viagem até à Irlanda, uma das mais longas viagens e a cada dia que passava eu estava mais apaixonado pela tua mãe. Acho que ela também me amava, não tanto como ao teu pai, mas amava... Querida, - ele agarrou na mão de Emily e olhou-a nos olhos - na noite em que eles morreram foi a noite em que o teu pai, o meu irmão, descobriu que na realidade tu és minha filha. 

A cabeça de Emily ficou em branco. Ela queria gritar, chorar, mas não sabia como reagir, não sabia o que fazer, o que dizer... Deixando-se ficar novamente imóvel.

- Emily, por favor, diz alguma coisa.

- Foi por isso que ele matou a mãe e tentou matar-me a mim!? Porque sou filha do irmão dele... 

- Ele amava-te, a ti e à tua mãe, mais do que tudo no mundo, vocês eram tudo para ele. O teu pai reagiu de cabeça quente ao sentir que tinha perdido tudo o que era mais importante para ele, ao sentir que tinha perdido a sua filha.

- Mas ele não é meu pai... - disse Emily calmamente e sem qualquer emoção na voz, ao mesmo tempo que se levantava e corria porta fora. 

- Emily, Espera!


Estava a correr novamente, tal como naquela noite. As lembranças não desapareciam da sua cabeça e as lágrimas estavam teimosamente a rolar do seu rosto. 

Quando deu por si estava outra vez a caminho da árvore, mas quando lá chegou reparou numa silhueta desconhecida que se encontrava junto a ela. à medida que se aproximava percebeu que era um homem ainda jovem, talvez um pouco mais velho que ela, mas não muito. 

Quem seria aquele homem e o que estaria ele a fazer junto à sua árvore!?


   - Continua -